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2.1.98

História de São Sebastião

 Por Edson Souza

O povoado que se formaria às margens do Canal de Toque-Toque, na área que hoje corresponde ao município de São Sebastião, começou a se desenvolver no início do século XVII. Os primeiros colonos a se estabelecer na capitânia de Santo Amaro foram Diogo de Unhate e João de Abreu. Eles obtiveram sesmarias (terras que a Coroa portuguesa concedia) do capitão-mór Gaspar Conqueiro, tenente do donatário Lopo de Souza, em 1608 e 1609, respectivamente. Essas concessões, datadas de 26 de janeiro de 1608 e 16 de junho de 1609, possibilitaram que ambos e suas famílias se fixassem na região, dando início à ocupação do território.

Diogo de Unhate e João de Abreu já contavam com experiência, pois residiam há cerca de 40 anos nas terras de Santos. Durante esse tempo, estiveram envolvidos nas batalhas e escaramuças que defendiam a vila de Santos contra incursões de franceses, ingleses e holandeses.

Unhate, por sua vez, era um homem valente que, apesar de ser escrivão alfandegário, participou ativamente de várias batalhas, sendo ferido em múltiplos confrontos, o que lhe trouxe sequelas físicas, causando-lhe uma mancada e dificuldades no uso do braço e da mão direitas. Abreu, que trabalhava como almoxarife na Fazenda Real em Santos, também estava envolvido nas tensões do momento e tinha a experiência necessária para enfrentar os desafios da colonização.

Ao chegarem à área do Canal de Toque-Toque, esses primeiros colonos começaram a se dedicar à criação de animais e ao cultivo de cana-de-açúcar, algodão e diversos gêneros alimentícios. A agricultura, em especial a produção de açúcar, tornou-se uma das principais atividades que sustentaram o desenvolvimento da região. Não muito tempo depois, o sesmeiro Francisco de Escobar Ortiz, acompanhado por sua esposa, Inês de Oliveira Cotrim, chegou à Ilha de São Sebastião, oriundo de Vitória, no Espírito Santo, dando continuidade ao processo de ocupação e expansão da comunidade.

Com a chegada de novos sesmeiros, que trouxeram escravizados para atuar nas plantações de açúcar, anil, fumo, arroz e feijão, o povoado começou a se firmar, apresentando uma população em ascensão e uma economia fundamentada na produção agrícola. Essa nova comunidade foi se desenvolvendo aos poucos, à medida que a chegada de colonos impulsionava o comércio local e a atividade açucareira. Infelizmente, o trabalho escravo também fazia parte desse panorama, marcando a realidade de boa parte da colonização no Brasil.

No dia 16 de março de 1636, o povoado de São Sebastião foi oficialmente promovido à vila por Pedro Mota Leite, o 36º capitão-mór da capitania de São Vicente. Essa elevação foi um marco significativo para o progresso da região, que passou a contar com uma administração formal e contribuiu para consolidar a cidade como um dos principais centros urbanos da costa paulista. A vila de São Sebastião desenvolveu-se e solidificou-se ao longo dos anos, impulsionada pelas atividades agrícolas e comerciais, sempre caracterizada pela convivência entre colonizadores, indígenas e pessoas escravizadas.

Dessa forma, o pequeno núcleo às margens do Canal de Toque-Toque, que surgiu graças à bravura de homens como Unhate, Abreu e Escobar Ortiz, transformou-se em um relevante centro econômico e político na trajetória do litoral paulista. O cultivo da cana-de-açúcar, aliado ao trabalho de milhares de escravizados, foi fundamental para a formação de uma comunidade que, com o passar do tempo, se tornaria um símbolo de resistência e perseverança diante dos desafios da colonização e das dificuldades que marcaram a história do Brasil colonial.



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