Por Edson Souza
Eis aí o mestre Waldemar Belisário, registrado em 1974, no portão de sua casa no Perequê, na Rua Irene Barbosa, em Ilhabela (SP). Um artista que deixou marcas profundas na memória e na identidade cultural da ilha.
Ao fundo da imagem, vê-se o Cerealista Silva, fundado em 1971 — mais tarde conhecido como Mercado Silva e, a partir de 1994, como Frade. Cenário simples, mas que ajuda a situar o tempo em que Belisário circulava entre vizinhos, histórias e telas.
Sua chegada a Ilhabela se deu em 1929, hospedando-se no antigo Hotel Bela Vista, na Vila, hoje sede da Câmara Municipal. Em 1933, aceitou o convite de um amigo e mudou-se para Castelhanos a fim de cuidar de um sítio, que mais tarde compraria.
Foi ali, entre o mar bravo e o verde da mata, que conheceu a professora Celina Guimarães Pellizzari, autora do hino oficial da cidade e companheira de vida. Casaram-se e construíram juntos um pedaço da história cultural da ilha.
Por motivos de saúde, o casal precisou deixar Ilhabela em 1942, mas o destino os trouxe de volta: em 1961, Waldemar comprou um terreno no Perequê. Antes mesmo de erguer a casa, viveu sozinho em uma barraca sob um pé de mangueira — como quem, em silêncio, reatava o laço com a terra que escolhera para viver. Logo depois, Celina retornou para se juntar a ele.
Belisário partiu em 1983, mas deixou viva sua presença. No mesmo ano, nasceu a Escola Waldemar Belisário, no Itaquanduba, e a 7ª Exposição de Artes de Ilhabela, realizada no Hotel Itapemar, batizou o salão com seu nome — que, no ano seguinte, tornou-se o Salão Nacional de Artes Plásticas Waldemar Belisário.
Hoje, na Vila, o Centro Cultural Waldemar Belisário perpetua sua memória. Mais do que um artista, ele foi um guardião da sensibilidade e da beleza, alguém que transformou sua vida em arte e sua arte em legado.







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