Por Edson Souza / Colaborou: Ariane e Marcelo Totó
Abria a partir das 11h30 e não tinha hora para fechar... o Restaurante Totó foi mais que um ponto gastronômico: tornou-se um verdadeiro símbolo cultural e afetivo da Ilhabela. Sob o comando carismático de Antônio Carlos Maciel da Silva, o inesquecível Totó, e o talento culinário de sua esposa Cecília Oliveira Maciel, a querida Célinha, o restaurante marcou época e deixou um legado de sabor, hospitalidade e autenticidade caiçara.
Da cozinha ao Coração dos Ilhabelenses
O segredo do sucesso estava justamente na cozinha — ou melhor, nas mãos de Célinha, que preparava pessoalmente cada prato servido. Sua dedicação e cuidado faziam do restaurante um refúgio para quem buscava o melhor da gastronomia à base de frutos do mar, temperada com simplicidade e amor.
O “Peixe à Totó”, feito com postas ensopadas em molho de camarão ou lula, acompanhado de batatas cozidas, se tornou o prato mais pedido da casa. Havia também o Camarão na Moranga, a Casquinha de Siri, o Suflê de Polvo e tantas outras delícias que conquistavam paladares locais e visitantes ilustres. Apesar da fama, o restaurante manteve uma característica rara: preços acessíveis, que permitiam que turistas e moradores compartilhassem a mesma mesa diante de um cenário deslumbrante.
O Mar Como Extensão da Mesa
O Totó da Vila, como ficou conhecido o endereço da Avenida Força Expedicionária Brasileira, possuía uma das vistas mais privilegiadas da ilha. O deck de madeira avançava sobre o mar, e as mesas, dispostas sobre as ripas, deixavam o canal literalmente aos pés dos clientes.
Uma das marcas registradas do local era o atracadouro, que possibilitava a chegada direta de lanchas e iates. Muitos frequentadores desciam das embarcações e, em poucos passos, já se viam diante de uma mesa posta, com o aroma irresistível do tempero de Célinha.
Um Restaurante de Estrelas e Histórias
O Restaurante Totó também foi palco de momentos memoráveis, recebendo nomes consagrados do esporte e da televisão. Pilotos como Ayrton Senna, Emerson Fittipaldi e o francês Jean Alesi, da Ferrari, estiveram por lá, encantados tanto com o ambiente quanto com os pratos. Atores como Natália do Vale e Lima Duarte também fizeram parte desse seleto grupo de visitantes que se renderam à hospitalidade caiçara e à culinária de alma.
Mas, para além da fama, o restaurante mantinha um espírito comunitário e acolhedor. Totó e Célinha tratavam todos com a mesma gentileza, dos visitantes ilustres aos pescadores que paravam para um almoço após a lida no mar.
Tradição, Festa e Pertencimento
Antes de fixar-se na Vila, Totó também comandou restaurantes nos Barreiros — onde hoje funciona a Associação Barreiros — e no Perequê, no local atualmente ocupado pelo restaurante Cura. Em todos esses endereços, o casal deixou marcas de alegria e boa comida.
Totó era figura conhecida e ativa na vida social da ilha. Participava de festivais sempre com seu carisma de caiçara e anfitrião. Já nos carnavais, ele e Célinha brilhavam como Mestre-sala e Porta-bandeira, desfilando com pés descalços e um entusiasmo que contagiava toda a comunidade.
Um Legado Que o Tempo Não Apaga
O Restaurante Totó encerrou suas atividades há muitos anos, mas permanece vivo na memória afetiva de quem viveu aquela época. Para muitos, foi mais que um restaurante — foi um ponto de encontro, um símbolo da hospitalidade caiçara e um capítulo importante na história gastronômica e cultural de Ilhabela.
Hoje, o nome Totó ainda ecoa com carinho e respeito, lembrado em conversas, fotos antigas e histórias que se misturam ao som das ondas. Um legado que atravessa gerações e continua a inspirar quem busca unir simplicidade, sabor e amor pelo mar.















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