Por Edson Souza
Em 1954, a Prefeitura de Ilhabela recebeu uma correspondência especial vinda da capital. O então presidente do São Paulo Futebol Clube, Cícero Pompeu de Toledo, enviava um ofício de agradecimento ao prefeito Giorgio Storace, datado de 19 de março de 1954, pela doação de terra da Estância Balneária de Ilhabela.
O material, de caráter simbólico, seria “lançado nas bases do grandioso monumento em homenagem à cidade de São Paulo”, então em construção no bairro do Jardim Leonor. Esse monumento — descrito com entusiasmo no ofício — não era outro senão o futuro Estádio do Morumbi, obra monumental que se tornaria um dos maiores ícones arquitetônicos e esportivos do país.
A ideia de construir um estádio próprio para o São Paulo Futebol Clube surgiu no final da década de 1940. Em 1947, Cícero Pompeu de Toledo assumiu a presidência do clube, determinado a dotar o São Paulo de uma arena à altura de sua crescente torcida e da importância da cidade.
O terreno escolhido ficava em uma região ainda pouco urbanizada — o Jardim Leonor, na zona sul da capital — e foi adquirido em 1951. No ano seguinte, em 15 de agosto de 1952, foi lançada a pedra fundamental do estádio, em uma cerimônia que contou com autoridades, esportistas e representantes de diversos municípios paulistas.
Naquela ocasião, cidades de todo o Estado foram convidadas a enviar amostras simbólicas de terra, que seriam depositadas nos alicerces da nova construção, representando a união e o esforço coletivo de São Paulo em torno de um ideal comum de progresso.
Foi nesse contexto que Ilhabela, sob a administração do prefeito Giorgio Storace, participou da iniciativa, enviando terra da Estância Balneária de Ilhabela — como o município era então denominado oficialmente. O gesto, embora simbólico, foi carregado de significado: um elo entre o litoral e a capital, entre a natureza exuberante da ilha e o impulso desenvolvimentista da metrópole.
Em tempo — A inauguração parcial ocorreu em 2 de outubro de 1960, com o jogo São Paulo x Sporting de Portugal. A conclusão definitiva foi celebrada em 1970, já após a morte de Cícero Pompeu de Toledo, que faleceu em 1959, sem ver o sonho realizado. Em sua homenagem, o estádio recebeu oficialmente o nome de Estádio Cícero Pompeu de Toledo.









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