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20.8.23

História de Caraguatatuba

 Por Edson Souza / Especial: Serramar Shopping

Entre 1664 e 1665, o capitão Manuel de Faria Dória fundou o primeiro núcleo do então chamado Santo Antônio de Caraguatatuba, marco inicial da ocupação organizada no território que mais tarde daria origem ao município. Esse pequeno povoado começou a se estruturar em torno de atividades agrícolas e da vida religiosa, seguindo o padrão das primeiras formações urbanas do litoral paulista.

Entretanto, em 1693, uma severa epidemia de varíola devastou a região, vitimando grande parte de seus habitantes. Abalada pela tragédia e pela falta de condições sanitárias, a população remanescente dispersou-se para localidades vizinhas, principalmente Ubatuba e São Sebastião. Esse episódio ficou registrado na historiografia como “a vila que desertou”, pois o núcleo praticamente desapareceu, restando apenas uma pequena capela dedicada a Santo Antônio, símbolo da persistência religiosa e cultural da comunidade.

Naquele período, as terras onde se localizava o povoado faziam parte do distrito da Vila de São Sebastião, elevada à categoria de vila em 1636. Ao longo do período colonial, São Sebastião e a vizinha Ilhabela experimentaram um ciclo de grande prosperidade econômica. A região abrigava diversos engenhos de açúcar e aguardente distribuídos por quase toda a faixa litorânea, com produção direcionada tanto à metrópole portuguesa quanto ao Rio de Janeiro, então um importante polo comercial.

Esse cenário de desenvolvimento regional contrasta com o abandono temporário de Caraguatatuba, cuja reconstrução e reorganização só ocorreriam décadas depois, acompanhando o avanço da colonização, do comércio marítimo e da própria integração do litoral norte ao restante da Capitania de São Paulo.

Se não houvesse ocorrido a intervenção do governo, São Sebastião tinha potencial para se consolidar como um dos portos comerciais mais relevantes do Brasil colonial. A localização estratégica, o intenso movimento de embarcações e a produção regional fortaleciam essa perspectiva. Contudo, documentos preservados no Arquivo do Estado de São Paulo revelam que uma portaria de 1789, assinada pelo então governador Bernardo José Maria de Lorena, determinava:

"(…) não saia de hoje em diante embarcação alguma carregada de efeitos do país, sem que primeiramente venha tocar no porto de Santos."

Essa medida centralizadora afetou profundamente o dinamismo econômico das cidades do litoral norte paulista — Ilhabela, São Sebastião, Caraguatatuba e Ubatuba — criando um período de retração comercial e desestímulo ao desenvolvimento local. Com a obrigatoriedade de passagem pelo porto de Santos, boa parte da atividade marítima que antes circulava naturalmente pela região foi desviada, provocando um verdadeiro vácuo econômico.

No entanto, o cenário começou a mudar com a chegada da Corte Portuguesa ao Brasil, em 1808, quando o país tornou-se sede do reino e os portos foram finalmente abertos ao comércio internacional. Esse novo contexto promoveu uma transformação radical na economia brasileira e reacendeu o desenvolvimento das cidades costeiras.

Na coleção “Memória Histórica Sobre São Sebastião”, o pesquisador Antônio Paulino de Almeida registra que, já em 1829, Caraguatatuba apresentava sinais concretos de recuperação e crescimento. Nessa fase, o município produzia 360 arrobas de fumo (aproximadamente cinco toneladas), 80 pipas de aguardente e 52 toneladas de café, indicando o fortalecimento das atividades agrícolas e a reintegração da cidade à economia regional.

Freguesia (1847)
Vila (1857)
Instalação da Vila



Em março de 1847, Caraguatatuba foi elevada à condição de freguesia e, posteriormente, em 20 de abril de 1857, alcançou a categoria de vila, deixando oficialmente de pertencer ao município de São Sebastião. A partir desse momento, iniciou-se um processo gradual de organização administrativa e desenvolvimento local.

Na segunda metade do século XIX, importantes mudanças globais e nacionais impactaram diretamente a economia regional. Em 1845, o Parlamento Britânico aprovou o Bill Aberdeen, lei que autorizava a repressão ao tráfico transatlântico de africanos escravizados nas águas do Atlântico Sul. Décadas mais tarde, em 1888, a Lei Áurea extinguiu definitivamente a escravização no Brasil.

Essas transformações, somadas ao esgotamento dos cafezais na região, provocaram uma reestruturação na base produtiva de Caraguatatuba. Para manter suas atividades agrícolas, os fazendeiros passaram a contratar colonos livres vindos da Europa, remunerando-os com parte da produção — modelo que marcou a transição para um novo sistema de trabalho.

No início do século XX, a cidade ainda apresentava características predominantemente rurais. A população vivia espalhada em pequenos agrupamentos ao longo da costa e dos vales. Em 1910, Caraguatatuba registrava 3.562 habitantes e, mesmo em 1927, possuía apenas uma praça central e algumas poucas ruas, indicando que o processo de urbanização avançava de forma lenta.

O cenário começou a mudar a partir de 1947, quando Caraguatatuba passou a ser reconhecida como um destino litorâneo promissor. Seu vasto patrimônio natural — florestas, rios, montanhas e extensa faixa costeira — atraiu a atenção de investidores, inclusive estrangeiros, interessados especialmente na exploração de madeira e em oportunidades de expansão econômica na região. Esse movimento deu origem às primeiras iniciativas de ocupação turística e comercial que, mais tarde, contribuiriam para transformar o município.


Por Edson Souza / Especial: Serramar Shopping





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